A Visita
A meio da noite Isabel foi acordada por um suspiro sofredor e sonoro. Sentou-se na cama e começou a olhar com os seus olhos perscrutadores.
- Quem és tu? – Perguntou, com uma voz lenta e baixa.
As janelas abriram-se com estrondo, levadas por um vento e por uma tempestade inesperada, brilhante, veloz e aterradora, como se fosse, não do domínio do ar, mas do interior obscuro do quarto. E ao contrário do que era previsível, Isabel riu-se com satisfação, deixando cair uma lágrima. Só uma, que caiu indefinidamente, fazendo-a aperceber-se do seu amor pelas coisas.
- Afinal existes, e eu quero ser tua amiga! – Disse, ao mesmo tempo que agarrou numa caneta que estava na mesa de cabeceira para tirar apontamentos visuais e registar reflexões, com letras negras impressas em pequenas folhas brancas.
De repente tudo ficou calado, o vento, o pó e a rapariga. A figura esguia de Isabel levantou-se com uma gentileza leve e um gesto ritmado, aproximou-se das janelas e fechou-as.
- Queres que eu me constipe?
Uma sombra vaga rodeou-a e a rapariga controlou a ansiedade com um sorriso no rosto e uma calma no corpo.